sábado, 31 de julho de 2010

המחנרת - a educadora (poema de Rui Sève di San Marcos Lóra)

המחנרת

היא יפה, היא מורה
מתל-אביב לעולם
זות זהבה והיא פה ושם

כל שבת אנחנו שם
בשעור עברית
זה מצויין, היא לא לכלורית
היא אהבה, היא זהבה
מורה זהבה, מחנרת, לא קטנה

היא גדולה, היא הדרך
הכוכבים, השמיים והשמש
כולם במחברת
כולם פה בשיעור עברית עם
מורה זהבה, זה מצויין

A Educadora

Ela é bonita, ela é professora
De Tel-Aviv para o mundo
Esta é "Golda" e ela está aqui e lá

Todo sábado nós estamos lá,
Na aula de hebraico
Isto é maravilhoso, ela não é "mulher feia"
Ela é amor, ela é "Áurea"
Professora "Golda", educadora, não é pequena

Ela é grande, ela é o caminho
As estrelas, "os céus" e o sol
Todos estão no caderno
Todos estão aqui, na aula de hebraico com
Professora "Golda", isto é maravilhoso!

O que é esperança?

Dissertar sobre o conceito de esperança apresenta desafios singulares, dada a multiplicidade de dimensões que esta palavra encerra — semânticas, filosóficas e religiosas. A esperança, frequentemente evocada no âmbito religioso, remete à crença em uma vida futura ou à confiança no advento de “dias melhores”. No entanto, circunscrevê-la apenas a esta perspectiva seria reduzir a complexidade de sua manifestação humana.

Sob uma perspectiva pessoal, concebo a esperança como a capacidade de acreditar para além do possível; é a convicção de que, mesmo em circunstâncias adversas ou diante de desafios aparentemente insuperáveis, existe uma possibilidade de solução. Esperar é, portanto, um ato de fé e perseverança: acreditar na superação do impossível e não sucumbir ao desânimo diante da dificuldade. O ditado popular “a esperança é a última que morre” sintetiza esta concepção: mesmo após todos os obstáculos, permanece a chama da expectativa, do acreditar em transformação e possibilidade.

No âmbito religioso, a esperança assume contornos ainda mais profundos. No Cristianismo — e em diversas outras tradições de fé — a esperança está intrinsecamente ligada à promessa de uma vida eterna, à proximidade de D’us e à realização do bem supremo. Nesse sentido, a esperança é o estágio preliminar do milagre: é pela esperança que se renova a fé e se reafirma a confiança na existência de um mundo melhor.

Praticar a esperança, contudo, revela-se tarefa complexa. Na vida cotidiana, ela se manifesta tanto nas ações mais simples quanto nos desafios mais exigentes. Para mim, a prática da esperança se traduz na interação consciente com D’us — em orações, na busca de orientação, no acreditar firme em respostas divinas. Diferentemente do acaso, a esperança não se apoia na casualidade: ela se sustenta na fé, na perseverança e no engajamento ativo com o mundo.

A dimensão coletiva da esperança, ainda que mais difícil de incorporar, revela-se essencial. Embora seja natural que o ser humano busque o bem individual, a esperança plena envolve a preocupação com o bem-estar alheio. Grandes sábios e indivíduos de profunda sabedoria conseguem transcender interesses pessoais em prol de um horizonte comum de justiça e bem-estar. A prática contínua e deliberada — centrada em ações virtuosas e na convicção de que o bem sempre predomina — constitui, portanto, o caminho para uma incorporação duradoura da esperança na existência humana.

Do ponto de vista espiritual, a esperança adquire um caráter absoluto: tudo o que provém de D’us é, em última instância, para o bem. O desafio reside em perceber, mesmo nas situações mais adversas, a presença do bem e da possibilidade de aprendizado ou transformação. Esta capacidade de discernimento — enxergar luz na sombra, valor no sofrimento aparente — constitui a maior riqueza da experiência humana. Em momentos de adversidade, quando nos perguntamos “por que isto acontece comigo?”, a prática da esperança nos convida a transcender a visão imediata e reconhecer o desígnio maior que orienta a vida.

Assim, a esperança pode ser concebida como uma força estruturante da existência: um exercício constante de fé, perseverança e discernimento, que transcende o individual e se projeta no coletivo, sustentando a vida humana mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras. Em sua essência mais profunda, a esperança é acreditar que o universo, ou a providência divina, direciona cada acontecimento para o bem, e que é nosso dever — e privilégio — cultivar esta crença em cada ato e pensamento, tornando-a princípio orientador da vida cotidiana.


Os sudários

Discutir o tema do Santo Sudário – o manto venerado por muitos como aquele que envolveu o corpo de Jesus Cristo em seus últimos instantes – é mergulhar em um terreno que combina história, fé, ciência e especulação filosófica. Não se trata apenas de relatar fatos, mas de refletir sobre o sentido que atribuirmos a tais objetos, à medida que eles se tornam ícones da memória religiosa e da investigação científica.

Do ponto de vista histórico-científico, o Sudário de Turim tem sido objeto de intensos debates. Estudos de carbono 14 conduzidos na década de 1980 dataram o tecido entre os anos de 1260 e 1360, sugerindo que o pano seria posterior à época de Cristo. Entretanto, muitos pesquisadores destacam uma limitação metodológica significativa: a amostra utilizada para a datação foi retirada de uma das extremidades do tecido, local sujeito a constante manipulação ao longo dos séculos. É possível, portanto, que tais manipulações tenham alterado o resultado, deixando em aberto a possibilidade de que a peça seja, de fato, mais antiga.

O Sudário de Oviedo, um pano menor, atribuído ao enxugar do rosto de Cristo após a crucificação e ao envolver sua cabeça, apresenta compatibilidades notáveis com o Sudário de Turim, levantando a hipótese de que ambos poderiam ter feito parte de um mesmo conjunto, ainda que hoje estejam separados. Estes indícios conduzem a novas questões: de que maneira a imagem teria sido projetada no pano? Qual a origem geográfica exata do tecido? Poderia um artista renascentista, como Leonardo da Vinci, ter criado tal obra? E, finalmente, o rosto que vemos não refletiria uma idade muito próxima dos 33 anos de Cristo?

A ciência tenta oferecer respostas parciais:

A projeção do corpo no pano permanece inexplicável segundo os parâmetros físicos convencionais. Para aqueles que compartilham a fé cristã, a ressurreição poderia ser interpretada como o fenômeno pelo qual a imagem se manifestou, convertendo o corpo em energia e imprimindo sua forma no tecido.

Estudos recentes identificaram pólen de flores originárias de Israel em ambos os sudários, reforçando a hipótese de que sua origem se encontra na região da Judeia.

A teoria de que Leonardo da Vinci poderia ter confeccionado o Sudário como um auto-retrato artisticamente sofisticado, utilizando técnicas de luz e perspectiva, é plausível do ponto de vista histórico e científico, mas não exclui a dimensão espiritual do objeto.

Modelagens digitais do rosto de Cristo, com base no Sudário de Turim, indicam que a imagem é bidimensional, sugerindo que, embora possamos reconstruir um rosto compatível com os 33 anos de idade de Jesus, a forma exata da projeção permanece um enigma.

A ambiguidade do Sudário – seja como obra de arte, seja como relíquia sagrada – oferece-nos, paradoxalmente, uma oportunidade contemplativa: ela nos convida a questionar as fronteiras entre fé e razão, entre história e mito, entre ciência e espiritualidade. Aceitar uma das explicações ou a outra teria implicações profundas não apenas para o catolicismo, mas para a compreensão religiosa e cultural mais ampla. Se a obra fosse atribuída a Da Vinci, a narrativa religiosa enfrentaria um abalo significativo. Se, ao contrário, fosse autenticamente de Cristo, a fé e o imaginário coletivo seriam reforçados, e novas interrogações surgiriam sobre a historicidade e a universalidade da experiência religiosa.

Em última análise, a reflexão sobre o Sudário não deve se limitar à busca por provas definitivas. Ela é, sobretudo, uma oportunidade de exercitar virtudes como a humildade, a paciência e a contemplação. Tal exercício nos ensina a conviver com o mistério, a reconhecer os limites do conhecimento humano e, simultaneamente, a valorizar o poder transformador da fé, da memória e da tradição. Assim, mesmo em meio à dúvida, é possível viver com mais discernimento, menos vícios e maior apreço pelo que transcende a mera evidência empírica.