sábado, 2 de outubro de 2010

É, choveu...

chuva e dúvida

chuva para varrer a poeira da alma
chuva que escorre telhados e escuta as árvores
chuva que enche o lago de silêncio e sapos

ô chuva que chora do céu
chuva que cheira a areia molhada
que cheira a folhas verdes
que cheira a pássaros molhados
que cantam dentro do frescor

a água acorda meus pensamentos
desenrola meus dedos
me devolve coisas que eu nem lembrava
e faz meu coração balbuciar agradecimentos

vou pensando nela
vou pensando na outra
vou pensando na dúvida
na dúvida que se curva entre calor e frescor
na dúvida que às vezes arde
às vezes refresca

sei que o melhor amor
não é o que se mede
não é o que se explica
é o que se esconde na chuva
debaixo do cobertor
onde o mundo se encolhe
e só sobra o coração
e o silêncio que o coração entende

chuva que lava,
chuva que devolve,
chuva que deixa o corpo leve
e a alma molhada de sonhos


Nenhum comentário:

Postar um comentário