Já compartilhei algo sobre isso antes, mas desta vez quero contar de uma forma mais detalhada, de dentro, como se fosse um desdobrar de pensamento e sentimento.
Cada pessoa que nasce neste mundo chega incompleta, metade de um inteiro. Dentro de cada um existe uma sensação de vazio, uma falta inexplicável, até encontrarmos a nossa alma gêmea. A importância desse encontro é essencial: é como se o mundo se completasse e tudo ganhasse sentido.
Se você se encontra sozinho e, de algum modo, não sente esse vazio, talvez seja hora de uma correção. O Tikunim — o Livro das Correções — nos guia nesse caminho, oferecendo ensinamentos sobre como alinhar nossas vidas para encontrar a alma destinada. Não se trata apenas de esperar: é sobre reconhecer que não podemos ser egoístas, que a energia que carregamos deve ser compartilhada e transformada pelo poder do amor. O verdadeiro amor, aquele que transcende a mera atração, é o que nos leva até a alma gêmea que nos completa.
O primeiro passo é acreditar, com todo o coração, que fomos destinados a encontrar essa alma. Há mais de dois mil anos, o Talmud já nos lembrava disso:
"Quarenta dias antes de uma pessoa ser concebida neste mundo, ela é anunciada no mundo espiritual: a filha deste homem está destinada a casar com este homem, a casa neste lugar será destinada para seu lar, e este campo (morada, negócio ou profissão) será destinado a esta pessoa." (Talmud Sota 2a.)
E então, a oração surge como um chamado íntimo, um pedido que brota do coração:
"Ribono Shel Olam, Mestre do Universo, esta é a lei espiritual do destino, a declaração foi feita antes de minha alma vir à Terra. Por favor, guie-me e ajude-me a encontrar o caminho certo para minha vida, o lar correto para viver. Eu realmente desejo encontrar minha alma gêmea; ajude-me a encontrar a alma gêmea destinada que declarei para mim no paraíso, 40 dias antes de ser concebido.
Por favor, Ribono Shel Olam, Mestre do Universo, encontre o caminho para mim onde não haverá outros caminhos, guie-me e coloque-me no caminho certo para o destino de minha alma, para que eu possa preencher minha vida com minha alma gêmea, que precisa de mim assim como eu a preciso dela. Pelo amor de minha alma gêmea, por favor ajude-me a encontrá-la, para que possamos ser apenas um juntos."
O costume é repetir essa prece três vezes ao dia. A essência não está nas palavras exatas, mas na emoção que as acompanha, na sinceridade do coração que pede ajuda divina para encontrar o destino traçado antes de chegarmos à Terra.
A paciência é parte do processo. O livro assegura que a espera não será maior que sete anos, mas cada momento é uma oportunidade de conexão, reflexão e crescimento interior. É recomendado, nesse caminho, ler semanalmente o capítulo 29 de Gênesis, que narra a história de Jacó e Raquel, o Salmo 121, e, para os homens, o “Eshes Chayil” ao menos uma vez por semana, na sexta-feira à tarde, antes do Kidush. Provérbios 31:10–31 também é uma leitura preciosa, cheia de sabedoria sobre virtude, amor e propósito.
Eu fiz isso. Rezei, mentalizei, senti o vazio que precisava ser preenchido, e me deixei guiar. E então, em 2013, viajei a Safed, cidade antiga e mística, onde cada rua parecia respirar história e cada pedra carregava a memória de séculos de espiritualidade. Ali, recebi bênçãos que pareciam tocar algo profundo em minha alma, como se o próprio tempo estivesse me preparando, silencioso, paciente.
E, no mesmo mês, mas um ano depois, em novembro de 2014, o destino se revelou com delicadeza e força: conheci minha esposa. Um encontro que não precisou de explicações, apenas se completou, e tudo o que antes parecia vazio encontrou seu lugar. É impossível esquecer a sensação de que cada oração, cada prece silenciosa, cada desejo sincero, tinha finalmente desaguado na realidade. A alma gêmea, enfim, se manifestou. (*este trecho acrescentei anos mais tarde ao texto original de 2010 para relatar que funcionou, ou seja, voltei do futuro para contar se dá certo ou não).
Encontrar a alma gêmea é mais que um encontro; é a união de caminhos, destinos e energias, é a concretização de um plano espiritual antigo, anunciado muito antes de nascermos. É a descoberta de que, em algum lugar, há alguém que nos completa, assim como nós a completamos. E essa busca, quando feita com fé, amor e paciência, transforma não apenas nossas vidas, mas a própria forma como entendemos o mundo e a presença divina nele.