sábado, 4 de julho de 2020

A real distopia do futuro e a necessidade de cooperação: repensando o Eu de forma holística

Os dados estão se tornando o capital mas importante do mundo, de acordo com o Professor da Universidade Hebraica de Jerusalém,Yuval Noah Harari. Antes o capital era a terra, controlada pela política. Com o passar do tempo, as máquinas substituíram a terra, então a política passou a controlar as máquinas por meio da aristocracia. Nos dias atuais, os dados roubam o lugar da terra e das máquinas, restando a política controlá-los. Da mesma forma que temos leis e regulamentos para terras e máquinas, devemos ter para o uso dos dados, pois não sabemos onde isso tudo pode parar. 


Assim, há uma responsabilidade muito grande por parte do povo em eleger seus representantes e cobrar medidas para regulamentação a respeito do uso dos dados e da tecnologia, de modo a evitar que ela venha a criar uma ditadura digital, manipulada pelos interesses de uma elite e até mesmo política. Para o Professor Harari, quanto maior a potência da ciência, maior é a impotência da razao e precisamos estar atentos a isso, especialmente por intermédio da Academia, das Ciências Humanas, tão necessárias e fundamentais nos dias atuais. Isso porque as descobertas nos dão poder, mas ainda não temos condições para usar isso com responsabilidade ou com sabedoria, nos falta razão. A energia nuclear é um exemplo prático disso. 

E isso esta acontecendo novamente quando falamos a respeito da tecnologia, principalmente relacionada aos dados e uso de algorítimos. A Inteligência artificial e a biotecnologia, nos dão poder divino para que possamos ser deuses, manipular a natureza e a controlar, temos habilidades que são divinidades, podemos criar vida, mas ainda há limitação intelectual em como usufruir e controlar isso, principalmente dada a dificuldade da classe política em entender o uso e as consequências. Assim, o perigo é tomarmos decisões erradas e depois não sabermos como frear ou manipular isso. 



Para tanto, importante perceber que quebrar o monopólio dos dados é complicado. Isso porque diferentemente de um produto, os dados, as mídias sociais, tem natureza monopolista, as pessoas não têm preferencias ou opções por uma rede social ou outra, até porque só existe uma de cada e todos querem estar na mesma, daí, o monopólio de acesso aos dados das pessoas. Há uma tendência ao monopólio. Por outro lado, para a ciência, quanto mais dados concentrados, melhor é a estatistica e previsões. A análise se torna melhor e mais precisa. No entanto, se uma determinada pessoa, país, instituição domina e tem o monopolio dos dados, ela pode vir a direcionar, determinar e até perseguir essa pessoa, conhecer mais sobre a pessoa do que a própria pessoa simplesmente por opções, olhar, gosto e etc. 


Assim, é necessário cooperação. Para engrentar os dilemas do séc. XXI, será necessário muita cooperação global, para que bons exemplos, ideias, leis, regulamentos, possam ser oferecidos e compartilhados por todos. Neste ponto, necessário mencionar que cooperação global não significa abrir mão de nacionalismo. Da mesma forma, falar de nacionalismo não significa ser algo ruim ou pejorativo, desde que o nacionalismo não leve em conta ser contrário ao estrangeiro. Há uma falta de entendimento a esse respeito, pois nacionalismo é algo bom. Não há qualquer contradição entre nacionalismo e globalismo. Entretanto, há que se perceber que para proteger os patriotas, temos de cooperar com os estrangeiros. Os temas de mudança climática, segurança internacional, imigração, refugiados são globais e não há como lidar com eles sem uma presença e participação global, cooperando com as pessoas nos outros paises. Nacionalismo não é odiar estrangeiro!

De toda forma, é possível afirmar que hoje se coopera mais do que se cooperava no passado, ainda que sejam perceptíveis conflitos, guerras e situações de crise entre nações. A este respeito, podemos notar uma rede global de comércio com regras acordadas e em funcionamento, partidas de futebol e copa do mundo, dentre outras iniciativas que demonstram que o sistema global funciona e existe, isto é, a paz é uma realidade com ressalvas. Alguns dizem que o açúcar é mais perigoso do que a pólvora atualmente. Antes, a falta de concordância não permitia que a paz acontecesse e hoje as negociações e concordância são maiores. O que é preciso é que haja concordância também com os temas de inteligência artificial para que possamos superar qualquer crise que possa vir existir. 


Para esse aspecto, o que mais precisamos no séc. XXI é de cooperação global. Somente por meio da cooperação poderemos superar os desafios tecnológicos a fim de evitar uma ditadura digital. Assim, iniciativas globas de regulamentar as tecnologias perigosas, armas novas, armas autonomas, sistemas de vigilancia, mecanismos que seguem as pessoas, até mesmo em países que nao tem isso, cada vez mais se torna necessário regular e discutir o assunto. Além da cooperação, é fundamental que a educação esteja ciente e alinhada com essa realidade, portanto, as ciências humanas, capazes de entender o comportamento, analisar os aspectos inerentes às sociedades, á política e às leis, pode e deve ser o instrumento de conexão necessário para a cooperação, tão necessária aos países que não conseguem fazer e executar ações nesse sentido por conta propria, uma vez que são vulneráveis e não têm condições.


Com isso, pode-se dizer que cada vez mais cientistas sociais são necessários. Mais ainda, é necessário o pensar filosófico, a introspecção, a conexão com o espiritual, com o Eu da alquimia, da cabalá, do hermetismo, da teosofia, da eubiose, enfim, passa a ser fundamental reforçar o papel das Ciências Humanas neste momento, assim como tornar acadêmico o saber espiritual que discute a essência humana, seus valores, capacidades e pensar, para que possamos melhor nos conhecer melhor, de modo a evitar que os algorítimos em uma possível ditadura digital nos conheça e nos direcione para uma forma de dominação que com o passar dos anos poderemos pensar ser de nossa vontade, mas que no fundo foi moldada e conduzida pelo sistema, algorítimos e dados. 



quinta-feira, 2 de julho de 2020

Racismo e desigualdade social: um debate ainda necessário.


A questão racial no Brasil e no mundo ainda é um assunto longe de ser resolvido. Na entrevista épica com o Prof. Hélio Santos podemos ter uma idéia de como o assunto era encarado anos atrás pela mídia e traçarmos uma comparação de como ele é visto hoje. Mudou muito? Há diferenças? Quais perspectivas temos? O que aprendemos e construímos desde então? Interessante notar que, pelo ano da entrevista, percebemos que não é um pleito recente, portanto, há muito o que se refletir a esse respeito.

Prof. Hélio Santos é Mineiro de Belo Horizonte, estudou e deu aulas muito tempo em São Paulo, onde se tornou doutor em Administração pela FEA-USP, até radicar-se em Salvador, Bahia, onde leciona hoje no Mestrado em Desenvolvimento Humano da secular Fundação Visconde de Cairu. Pesquisador da temática sociorracial no Brasil, Helio Santos é autor de A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso (Editora Senac, 2000), ensaio que discute o desenvolvimento do país sob a ótica sociorracial. Foi coautor de várias obras na sua especialidade e publica regularmente artigos sobre desenvolvimento humano e diversidade. É também consultor de gestão da diversidade de várias organizações, entre elas Itaú-Unibanco, Abril, CPFL e Ford Foundation.


Vale a pena conferir.