15 de agosto. Um dia que, à primeira vista, parece igual a qualquer outro, mas que guarda dentro de si séculos, mundos e pequenos milagres. Em Constantinopla, Miguel VIII Paleólogo subiu ao trono, e o Império Bizantino respirou mais uma vez, cheio de cerimônia e silêncio, como se o tempo pudesse se dobrar sobre si mesmo. Lucca se rendeu a Francesco Sforza, e uma cidade mudou de mãos sem que ninguém pudesse medir o impacto nos olhares das pessoas comuns.
Mais tarde, na América, fundava-se a Cidade do Panamá, e Juan de Salazar y Espinoza plantava a semente de Assunção, onde homens e mulheres iriam construir uma vida que nem podiam imaginar. Libertos da escravidão nos Estados Unidos erguiam a Libéria, como quem cria uma esperança com as próprias mãos marcadas pelo sofrimento. E no Brasil, bispos, dioceses e catedrais eram traçados em papel e pedra, como se o espírito também precisasse de mapas.
O cinema estreava “O Mágico de Oz” e, ao mesmo tempo, uma nação inteira celebrava sua independência na Índia. A Coreia se dividia em dois mundos, e no Morumbi se lançava a pedra fundamental de um estádio que guardaria multidões e histórias futuras. Congos e Beatles, Woodstock e festivais, cada evento se entrelaçando num fio invisível que atravessa décadas e continentes.
E, nesse mesmo dia, nasceram pessoas que o tempo escolheria para marcar a história: Napoleão, com sua ambição desmedida; Walter Scott, que sonhava mundos com palavras; Bernardo Guimarães, que já pressentia a alma do Brasil; Oscar Peterson, que tocaria notas que se infiltrariam nos ossos do mundo. E, curiosamente, no mesmo 15 de agosto de 1983, eu nasci, talvez sem entender, talvez com a mesma urgência de todos os que vieram antes, para ocupar este espaço efêmero e cheio de histórias.
15 de agosto: um dia que não termina. Ele se desdobra em outros dias, em outros olhares, em pequenos gestos que ninguém percebe. E ainda assim, continua lá, pulsando silencioso, guardando a memória do que foi e do que talvez nem tenha acontecido.
4 comentários:
Então, parabéns à Glória Maria, à Princesa Anne, ao Carlos Roa, ao Ben Affleck e, principalmente, ao autor deste blog, não é mesmo!
Um grande abraço, Rui!
Valeu, mestre Humberto! Não é para qualquer um nascer no mesmo dia de Napoleão!!!
Abraço do Rui
Ahaha, e também não é para qualquer um nascer no mesmo dia da fundação da cidade de Arequipa, no Peru e provar lá bebidas estranhas, não é mesmo Rui?
Tenga un cumpleaños muy chevere y que las bendiciones de Pachacamac siempre estejan contigo! :)))
Abrazo!
Sil
esquinadasil.blogspot.com
Sil querida, muito obrigado pelo carinho de sempre. Sem dúvida alguma nascer nesse dia é algo especial, mas conhecer pessoas como você e Humberto é sensacional. Obrigado mesmo!
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