
No blog, sentei-me a pensar sobre a União Europeia, não para ensinar nada a quem já sabe, mas para tentar compreender como um continente marcado por guerras conseguiu reinventar-se. Às vezes penso que história é isso: uma tentativa de organizar o caos do passado para imaginar o que vem adiante.
Tudo começou com o Tratado de Roma, assinado em 25 de março de 1957. Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo uniram-se em torno de algo maior que eles mesmos. Naquele momento, a Europa ainda respirava as cicatrizes da Segunda Guerra Mundial e vivia sob a sombra da divisão global, entre EUA e União Soviética. A economia cambaleava, as fronteiras ainda eram barreiras e a desconfiança entre os países permanecia viva. E, no meio desse cenário, surgiu a ideia de que talvez, juntos, poderiam construir algo diferente.
O Tratado não era apenas papel assinado. Estabeleceu a União Aduaneira, o Mercado Comum e a Política Agrícola Comum — pilares que ainda sustentam a União Europeia. Prometia o desaparecimento das barreiras alfandegárias em doze anos e garantia proteção à agricultura, uma blindagem contra o caos que vinha do mundo exterior. Ainda assim, tratava apenas da circulação de bens; pessoas e ideias teriam de esperar, como se a Europa precisasse de tempo para confiar em si mesma.
E pensar que, com o tempo, esses países foram cedendo parte de sua soberania, passo a passo, até que as instituições europeias se tornassem referência para o mundo. Mercosul, Comunidade Andina, Nafta, Unasul — todos tentam aprender, cada um a seu modo, que integração não é apenas comércio, mas confiança e cooperação. A Europa ensinou isso silenciosamente, quase sem alarde, entre protocolos e emendas, até que o Tratado de Maastricht consolidou a União Europeia como a conhecemos hoje.
Hoje, olhando para esse passado, vejo ecos no presente. O mundo continua dividido, mas também interligado de formas que nossos antepassados não podiam imaginar. Pensar na União Europeia é lembrar que blocos regionais podem ser mais do que acordos comerciais: podem ser uma aposta na convivência, no futuro coletivo. E se olharmos para a América do Sul, não seria hora de imaginar um Mercosul que funcione de verdade, que vá além de números e tarifas, e se torne um motor de integração real, capaz de sustentar sonhos e projetos comuns?
A história nos mostra que é possível. O presente nos desafia. E o futuro nos chama a agir. Talvez seja essa a lição mais importante do Tratado de Roma: mesmo após guerras e divisões, podemos construir juntos algo maior que nós mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário