terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Ciberengenharia Social

Há muito tempo não me sentia verdadeiramente chocado com uma teoria. Chocado no sentido mais encantado do termo: surpreso, emocionado, inquieto. Hoje à noite, durante uma conversa que se estendeu pela memória de antigas amizades, um amigo me apresentou à ciberengenharia social. Um conceito complexo, quase fora do meu alcance imediato, mas que me capturou de tal maneira que ainda ecoa em meus pensamentos.

A teoria, desenvolvida há décadas pelo futurista Jacque Fresco, propõe algo audacioso: transformar a sociedade caótica e desigual em que vivemos em um ambiente sustentável, organizado e compartilhado, livre de governos, partidos ou qualquer forma tradicional de autoridade política. Seu argumento central é que a paz duradoura e a eliminação das desigualdades só seriam possíveis ao substituir o sistema monetário por um sistema baseado em recursos.

Minha primeira impressão foi a de um anarquismo futurista, quase um socialismo pós-moderno em versão high-tech. Mas, à medida que ouvi as explicações e observei imagens do projeto, percebi a profundidade da ideia. Trata-se de gerenciar recursos naturais com inteligência, preservar o meio ambiente, garantir igualdade e liberdade — sem guerras, sem disputas de poder, sem a moeda que hoje rege nossas vidas. Alguns desenhos, aliás, evocam lembranças de Atlântida, ou de cidades impossíveis, como se fossem concebidas em planetas distantes, por seres capazes de imaginar uma civilização sem escassez.

Ainda estou explorando o assunto. Não li tudo, nem compreendi todos os detalhes. Mas o essencial do Venus Project – Beyond Politics, Poverty and War é claro: um planeta sustentável, administrado por tecnologia avançada, onde o acesso a recursos e benefícios é universal. Um lugar onde a diversidade, o credo, a raça e a individualidade coexistem com igualdade, sem que disputas políticas ou econômicas corrompam a vida coletiva.

É uma ideia ousada, quase utópica, mas que merece atenção. Talvez precisemos, como espécie, de teorias assim: radicais, complexas, mas fundamentadas em moderação e respeito à natureza. Se queremos sobreviver e prosperar, é preciso imaginar o impossível — e, às vezes, começar a caminhar nessa direção.

Para quem quiser explorar, o projeto está aqui: The Venus Project. Não é apenas uma teoria: é um convite a repensar o mundo, a vida e o futuro.

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