sábado, 18 de setembro de 2010

O dia do perdão

Hoje, para nós, judeus, foi o Dia do Perdão. Um dia de introspecção, silêncio e jejum. Não há festa, não há música; há apenas a pausa necessária para olhar para dentro, para nossas atitudes, ações e decisões do ano que passou. É um dia em que sentimos que D'us nos observa, nos avalia, e nos convida a refletir.

Mas não devemos guardar toda a consciência de nossas falhas para um único dia. O verdadeiro exercício da vida é melhorar continuamente — ser mais justo, mais gentil, mais atento, a cada ano, a cada dia. Ser melhor para nós mesmos e para os outros.

Fazer caridade, estender a mão a quem precisa, é talvez a forma mais concreta de purificação. Existe, na tradição, o kaparot, o costume de transferir simbolicamente os pecados para um galo ou uma galinha, oferecendo o animal em sacrifício. Não compreendo completamente o rito, e confesso que prefiro outra forma de reparação: a caridade, a doação consciente, que não prejudica ninguém e que transforma o mundo à nossa volta.

Neste dia, sinto também a necessidade de pedir desculpas. A todos. Sem orgulho, sem condições, sem esperar nada em troca. Perdoar é um ato de liberdade. Perdoar nos alivia, nos dá leveza. Basta tentar. E assim, eu peço: desculpem-me pelas minhas falhas, pelos meus exageros, pelos momentos em que falhei comigo mesmo ou com vocês. Estou pronto para aprender, para consertar, para melhorar.

Que este exercício não fique apenas no hoje. Que nos próximos dias, meses e anos, possamos dedicar mais tempo à alma, menos ao que é material, mais ao que é eterno. Que possamos nos tornar pessoas melhores, mais conscientes, mais presentes. Um único dia no ano já nos lembra do essencial: que podemos estar mais perto do Criador, e, ao mesmo tempo, mais próximos de nós mesmos.

Perdoem-me, e tentem perdoar também. Tentem sentir essa leveza. Porque, no fim, é assim que vivemos melhor — com o coração mais leve, com a alma mais plena, e com a certeza de que sempre podemos tentar novamente.

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