sábado, 28 de agosto de 2010

A normalidade da loucura

Acho que a palavra "louco" ou "loucura" é mal interpretada toda vez que vemos, sentimos ou participamos de algo diferente. As pessoas tem a mania ou o costume de taxar o diferente de louco e muitas vezes inibem a "loucura" (diferença) que há dentro de cada um de nós! Alguns ainda confundem as coisas dizendo que o diferente é estranho, é brega, é cafona, é anormal. Tudo isso deveria ser eliminado, pois não passa de preconceito e conservadorismo, por mais que não pareça e isso sim é que é o pior. A pessoa diz não ser conservadora, mas não está apta a aceitar os costumes, moda ou algo do passado. É muito confuso e de difícil entendimento entender o novo conservadorismo que subjulga o conservadorismo do passado.

Digo isso porque nem sempre me sinto igual a todos e quero usar algo diferente ou dizer algo diferente e nem por isso posso ser chamado de louco. Por exemplo: o que há de errado em usar uma camisa sem gola ou uma gravata borboleta? As pessoas acham estranho, comentam, olham estranho e nos sentimos um ser esquisito, um E.T., do outro mundo mesmo. Não dá pra aceitar como normal? Se eu estivesse nu ou usando um terno todo rosa em uma repartição pública, ainda ia, mas acho que a gravata borboleta não é algo estranho, nem diferente ao ponto de se causar comentários que duvidam de minha lucidez. Este é apenas um exemplo simples de como os padrões e o neo-conservadorismo estão imiscuidos em nossa sociedade. É uma pena, pois vejo uma Europa mais normal neste sentido ou a África, que usa suas vestes tradicionais para trabalhar. Sempre falei que não faz o menor sentido usar terno no Brasil, ao menos do centro-oeste pra cima do país. É muito quente para andarmos de paletó. Deveríamos usar vestidos africanos, com diversas cores, seria muito normal.

Claro que nem todos os países africanos utilizam vestes assim, por conta do conservadorismo alguns utilizam o terno, o que é uma pena. De toda forma, deixo claro que não estou revoltado, apenas faço uma reflexão do que é ou não é loucura. Entendo como louco uma pessoa com determinada patologia, com problemas que um psiquiatra poderá tratar ou até mesmo internar, não uma diferença no pensamento. É por esta razão que estamos cercados de pre-conceitos no mundo, por isso que temos guerra, brigas, mortes, discussões, e por ai vai. Por uma pequena coisa que é o preconceito, a não aceitação do outro, das diferenças do outro. O que não podemos aceitar é a desigualdade, mas a diferença é boa e saudável. Imaginem ir na Ilha de Páscoa e encontrar a mesma coisa que encontramos em Brasília? Ou, ainda, ir ao Butão e encontrarmos uma lanchonete de cachorro-quente igual aquela da Asa Sul? Seria muito chato!!!

Por isso necessitamos de reflexão, de diferença, de aceitação e tenho certeza que não teríamos metade dos conflitos que temos no mundo, metade dos problemas de escola, desse negócio que inventaram agora chamado "bulling", que não existia na minha época, de discussões em família. Não teríamos "vergonha", não teríamos preconceito e venceríamos mais problemas do que poderíamos imaginar. Não seria o ideal de Platão, mas já teríamos metade do caminho feito para continuarmos uma mudança.

De toda forma, queria apenas externar um pouco do que passa dentro de mim e não consigo "vomitar". Muitas idéias, muitos pensamentos nos rondam e se vão, se perdem na cabeça e fica difícil de lembrar. Acredito que em outra vida eles voltem e eu os possa utilizar, mas esse é apenas um dos pequenos tormentos que abrigo em mim. Talvez, como fez o filósofo moderno, Ludwig Wittgenstein, isolando-me possa conseguir tirar mais coisas da minha cabeça. Assim, finalizo com uma belíssima frase dele:

"Tenho a impressão de ter conseguido trazer à luz as ondas de pensamento que estavam confinadas dentro de mim".

Isto é o que procuro há algum tempo, se um dia conseguir trazer à luz meus pensamentos que estão confinados dentro de mim, acho que estarei "metade" realizado!

Um comentário:

Vida no Varal - por Lis Weingärtner disse...

"Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além". Paulo Leminski.

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